O ano mal começou, e a equipe da Ubisoft já está em outra situação polêmica envolvendo o seu próximo grande lançamento, Assassin’s Creed Shadows. Desde o primeiro anúncio desta nova aventura dos assassinos no Japão Feudal, a empresa tem passado por uma ópera de deslizes e de notícias problemáticas que infelizmente não ficaram para trás em 2024, colocando-a em uma péssima situação financeira que foi severamente prejudicada pelo péssimo lançamento de seu jogo mais recente, Star Wars: Outlaws, e pela decisão de fechar os servidores dos jogos XDefiant e The Crew, que eram adorados pelas comunidades de gamers.
Depois de terem feito diversas besteiras no decorrer de 2024 (como a situação da estatueta colecionável, das espadas de One Piece e até da veracidade da história de Yasuke - fatos esses que já comentamos aqui no blog), a Ubisoft parece ter se segurado um pouco nessa virada de ano enquanto tentava mudar o foco do público para o lançamento do jogo. Até mesmo o CFO da empresa, Frédérick Duguet, afirmou que o jogo estava praticamente pronto e seria lançado no dia 14 de Fevereiro.
Entretanto, o resultado final ainda está longe de chegar nas plataformas, já que um comunicado oficial da empresa na última quinta-feira (dia 9 de Janeiro) avisou que a data de lançamento foi adiada em um pouco mais de um mês, prometendo que o jogo chegará agora no dia 20 de Março, sem mais atrasos. “Mesmo acreditando que tenhamos avançado significativamente, achamos que serão necessárias mais algumas semanas para implementar o feedback dos fãs e assegurar uma experiência inicial ainda mais ambiciosa e engajada”, disse Marc-Alexis Coté, produtor executivo da franquia, no post da empresa.
Até aí, nenhum problema, eles só se deram mais um mês pra fechar tudo do jogo que eles já falaram que estava pronto, certo? Errado. Para muitos que pensaram assim, a comunidade japonesa decidiu soltar diversas postagens nas redes sociais em repúdio à nova data, que vai bater com o aniversário de um acontecimento trágico: O ataque de gás Sarin no metrô de Tóquio.
Para contextualizar, em 1980, Shoko Asahara se auto-proclamou um ser iluminado e criou um grupo religioso baseado em diversas crenças, chamada de Aum Shinrikyo (ou “Seita do Fim do Mundo”, na tradução literal), onde eles acreditam que o fim do mundo seria causado pela Terceira Guerra Mundial e que seus seguidores seriam os únicos sobreviventes. Apesar das crenças, o grupo foi legalizado pelo país e teve um extenso número de seguidores, mas tudo mudou quando seu criador começou a radicalizar a seita, causando no sequestro, no ferimento e na morte de diversas pessoas.
No dia 20 de Março de 1995 (30 anos antes da nova data de lançamento do jogo), o culto apocalíptico liberou o gás sarin (uma substância líquida sem cor e sem cheiro usada como arma química) em diversas estações do metrô de Tóquio, focando em comboios que viajam em direção à bairros onde se concentravam boa parte dos poderes do Governo Japonês. No total, foram 13 mortes e mais de 6,3 mil pessoas gravemente feridas (sendo que várias delas passaram por problemas temporários de visão), marcando esse dia como sendo o maior ataque terrorista doméstico do Japão. Apenas em 2018 os cultistas culpados por este e diversos outros ataques foram sentenciados à pena de morte, incluindo Asahara.
Para uma empresa que está tentando produzir um conteúdo de entretenimento focado em um momento histórico importante de uma cultura inteira deveria, no mínimo, estudar mais sobre essa cultura e tratá-la com mais respeito, buscando entender os preceitos por trás dela (isso também serve para você, Emília Perez). Ao invés disso, a Ubisoft está tentando mitigar os desastres da pior forma possível, sem ter sequer uma pessoa na sua equipe que tenha noção da cultura japonesa, seja a feudal ou a moderna.
ASSASSIN’S CREED SHADOWS será lançado no dia 20 de Março de 2025, para PS5, XBOX Series X e Series S, PC e Steam
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