KNUCKLES: Série divide opinião dos fãs, mas se torna sucesso para Paramount Plus

Cartaz da série Knuckles / Divulgação / Paramount Pictures / SEGA

Não podemos negar que estamos na era da renascença das adaptações de videogames! Do filme do Super Mario Bros. e de Five Nights At Freddy´s até as séries de The Last of Us e Fallout, conseguimos ter adaptações relevantes e que se importam extremamente com o material original, sem medo de desbravar além do que os games nos proporcionaram. Por outro lado, temos também adaptações que não chegam nem aos pés dos jogos ou não o tratam com seu devido respeito, como é o caso das séries de Resident Evil e Halo. E enfim, no meio disso tudo, temos a série do Knuckles.


Esta primeira temporada, compilada em 6 episódios de aproximadamente meia-hora cada, é uma produção muito bem realizada pela mesma equipe dos filmes baseados na franquia de jogos de Sonic The Hedgehog: todos os cenários e figurinos foram bem trabalhados e o CGI da série se apresenta na sua maior qualidade, o que é evidente pela aparição do personagem principal, dublado por Idris Elba. Certamente servindo como a melhor parte de toda a produção, todos os momentos em que Knuckles The Echidna aparece são exemplares e magníficos, com o auxílio de Elba, que se encaixa perfeitamente na interpretação desta versão do personagem, e o mesmo serve para os demais personagens em CGI que aparecem em pontas da narrativa, como Sonic (Ben Schwartz), Tails (Colleen O’Shaughnessey) e Pachacamac (Christopher Lloyd).


Cena de Knuckles em combate / Reprodução / Paramount Pictures / SEGA

A trama é bem simples: Knuckles não consegue se acostumar com o estilo de vida tranquilo e seguro de Sonic com a família Wachowski, o que lhe incentiva a partir em uma aventura junto de Wade Whipple, o atrapalhado policial da cidade de Green Hills interpretado por Adam Pally, em busca de autoconhecimento: Knuckles quer encontrar algum sentido em se manter no planeta além de proteger a Esmeralda Mestre, enquanto que Wade quer provar seu valor e mostrar para todos que ele não é insignificante. Essa aventura dos dois viajando pelo país culminando num torneio de boliche é bem semelhante à trama do primeiro filme de Sonic The Hedgehog, lançado em 2020, mas consegue puxar suas próprias diferenças nas interações entre os personagens, principalmente da dupla de protagonistas.


Por parte dos atores humanos, o principal centro das atenções (até mais do que o Knuckles em alguns episódios) é Wade. Ele certamente é o personagem melhor trabalhado da série, ressinificando seus esforços dos filmes - onde ele sempre acabava piorando a situação - e dando uma narrativa agradável de desenvolvimento do seu personagem, partindo de um policial “bobo e infantil” para um apto guerreiro equidna (em treinamento). O maior problema de Wade na narrativa em geral - e da produção em si, por conta dos custos do CGI - é que ele se torna um protagonista mais relevante do que o personagem que dá nome à própria série.


Cena de Knuckles, com equidna e Wade Whipple dirigindo uma moto / Reprodução / Paramount Pictures / SEGA

Além dele, temos também a aparição de dois agentes corruptos da Guarda Unida das Nações - uma força militar importante do universo de Sonic - ou G.U.N., chamados Mason (Scott Mescudi, o cantor Kid Cudi) e Willoughby (Ellie Taylor). Ambos servem como principais antagonistas da trama, junto do Comprador (Rory McCann), um antigo funcionário da G.U.N. e do Dr. Eggman que, após ser demitido, começou a vender seus armamentos no mercado negro e está fissurado nas habilidades do Time Sonic. A dupla de agentes possui uma relevância consideravelmente maior na trama, mas os três antagonistas poderiam ter mais relevância e tempo de tela, o que é uma pena, já que a série se esquece deles no meio da trama para detalhar a vida familiar de Wade.


Falando na família de Wade, eles também fazem um importante papel na jornada (mesmo que o público não queira): o vilão principal para Wade é Pete Pistol (Cary Elwes), um famoso jogador de boliche que ganhou diversos torneios nacionais - e também é seu pai, que o abandonou numa loja de conveniências para seguir com sua carreira. Além dele, também passamos bastante tempo com sua adorável mãe, Wendy (Stockard Channing), e sua irmã insuportável, Wanda (Edi Patterson), que deve ser a pior interpretação de um agente do FBI em qualquer tipo de produção cinematográfica. Resumindo a saga desta família, passamos um episódio inteiro descobrindo o quão estressante pode ser viver com uma versão extremamente exagerada e infantilizada de adultos que não se suportam, mas não se pode negar o carinho e afeto que eles sentem um pelo outro, principalmente por parte de Wade e sua mãe.


Cena de Knuckles, com equidna ao lado de Wendy e Wanda Whipple / Reprodução / Paramount Pictures / SEGA

Tendo em mente as interpretações dos atores, as dificuldades da produção em arcar com o CGI, a narrativa que eles tentaram trazer e os resultados que ela gerou, é evidente que a série tem um extremo potencial e todos os momentos relevantes da trama (que geralmente acontecem quando Knuckles está presente) são divertidos e servem como exemplo do quão bom o conteúdo da saga pode ser. Mas não podemos deixar de notar as rachaduras no meio disso tudo, já que a trama envolvendo Wade chega a cansar e praticamente exclui Knuckles depois do episódio 4, se tornando uma produção mais voltada para o público familiar do que para os fãs de Sonic, algo que os filmes conseguiram trabalhar de forma harmônica - e com maior custo de produção.


Os primeiros dois episódios parecem seguir bem a narrativa original, mesclando bem as cenas dos humanos com as do Knuckles, mas o episódio 3 chega a ser uma enorme bola fora, o episódio 4 é uma bagunça maluca que usa da metalinguagem para transformar a cronologia da saga em um musical de baixo orçamento (sendo o pior ou o melhor episódio de todos, dependendo do seu ponto de vista) e os últimos dois episódios se passam num torneio de boliche cansativo que mal utiliza o guerreiro equidna para seu desenvolvimento - o que não faz sentido, já que ele deveria estar treinando Wade para o torneio em si e deveria estar presente no desenvolvimento final do personagem, deixando um final bem amargo e sem uma resolução que pareça se encaixar com o que pode vir por aí em Sonic The Hedgehog 3.


Recorte de musical do episódio 4, da série Knuckles / Reprodução / Paramount Pictures / SEGA

Entretanto, mesmo que alguns fãs já estejam cotando a série como sendo uma das piores produções baseadas na franquia, os fatos são inegáveis: os críticos (que conseguiram ver a série um pouco antes da gente) adoraram o resultado final e deram notas extremamente positivas nos sites e fóruns de séries, como Rotten Tomatoes. Sem contar que a Paramount Plus, plataforma na qual a série está disponível, afirmou que ela foi sua produção mais assistida, alcançando 4 milhões de horas assistidas e trazendo um aumento de 278% de visualizações tanto para a plataforma quanto para outras produções da franquia que ela já continha, como os primeiros filmes da saga.


Mesmo que o resultado seja considerado positivo e certamente teremos algum tipo de continuação (além de outras produções da franquia no mesmo estilo), não conseguimos deixar de pensar no quanto a série poderia ter se aprimorado se tivessem dado mais tempo de tela pro seu personagem principal brilhar. No fim, mesmo com uma boa nota, é inegável que Knuckles The Echidna merecia muito mais do que isso, principalmente no seu aniversário de 30 anos.


Recorte de cena de Knuckles, onde o ator Adam Pally interpreta Wade Whipple, interpretando Knuckles em musical sobre Knuckles / Reprodução / Paramount Pictures / SEGA

E então, vocês viram a série por completo? Se sim, vocês também adoraram o episódio 4 ou acharam todo o musical uma grande piada tosca? Quais são as suas expectativas para o futuro da franquia do ouriço azul? Comente conosco abaixo o que vocês acharam do nosso review, não nos deixe de seguir nas nossas redes sociais e de verificar demais notícias que publicamos por aqui!

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