FALLOUT: Sucesso da adaptação alavanca venda dos games da franquia

Recorte de poster da série Fallout / Divulgação / Prime Video

ATENÇÃO: SPOILERS DA SÉRIE FALLOUT (PRIME VIDEO, 2024) E DA SAGA DE JOGOS FALLOUT (1997 - ATUAL)


Guerra…  A guerra nunca muda… E por um tempo, a gente pensou o mesmo sobre adaptações de videogames para outras mídias! É bom sabermos que esses dias praticamente se foram...


Não tem como negarmos que estamos em uma era de ouro, onde diversas franquias de videogames estão sendo adaptadas em conteúdo transmidiático de uma forma que não perde a fidelidade do produto original e está conseguindo transmitir histórias cativantes para todos os espectadores! Tivemos muitas adaptações ao longo destes últimos anos, várias das quais conseguiram conquistar uma nova frota de fãs para suas franquias! Tendo isso em mente, é um alívio poder dizer que a nova série da Prime Video, Fallout, é uma delas! 


Desenvolvida em parceria com a Bethesda Game Studios com a ajuda dos co-criadores da série Westworld, Jonathan Nolan e Lisa Joy, a série é situada em um futuro distópico onde uma guerra nuclear dizimou os Estados Unidos e seguimos a história de uma residente do Refúgio (ou Vault) 33, um dos mais de 120 bunkers construídos pela empresa Vault-Tec em prol de “proteger” a população da guerra. A jornada da residente (ou Vault Dweller) Lucy MacLean (interpretada por Ella Purnell) em busca de resgatar seu pai, o supervisor do refúgio (ou Overseer) Hank MacLean (Kyle MacLachlan) das garras de Lee Moldaver (Sarita Choudhury) serve como introdução do espectador ao universo conturbado de Fallout, desenvolvido desde o primeiro jogo, em 1997.


Arte promocional de Fallout, com Lucy saindo do Vault 33 / Divulgação / Prime Video

Enquanto Lucy serve de principal ponto narrativo da trama, seguimos também duas histórias que se intercalam na sua aventura pelos deserto radioativo que se tornaram os Estados Unidos (Os Ermos, ou The Wastelands), mais especificamente onde há mais de 200 anos atrás já foi a cidade de Los Angeles: De um lado, temos Maximus (Aaron Moten), um zé-ninguém azarão da Irmandade do Aço (uma organização tecno-militar extremamente religiosa que preza pelo armazenamento de apetrechos pré-guerra) que se torna um escudeiro e um justiceiro em busca de seu lugar no mundo, mesmo que atue diversas vezes pelo seu próprio bem. Por outro lado, temos um Ghoul (ser humano que sofreu mutação severa pelas bombas atômicas e se parece com um morto-vivo), que era conhecido como Cooper Howard (Walton Goggins), ex-soldado e astro de cinema que está há mais de 200 anos trabalhando como caçador de recompensas e possui um senso moral totalmente deturpado e niilista.


Cada um destes personagens servem para progredir as diversas vertentes narrativas do que a série quer nos apresentar, principalmente no aspecto da escala moral: Lucy é a visão inicial e ingênua deste apocalipse, ela é moralmente leal e possui um senso de justiça e responsabilidade digna de um cavaleiro de armadura branca, fazendo com que seus principais atributos sejam constantemente testados no cenário onde se encontra; Maximus seria o personagem neutro, possuindo suas visões de mundo bem consolidadas (não ao ponto de serem sólidas, mas dá pro gasto). Ele possui seu próprio objetivo e não vê tanto problema em seguir o caminho que mais lhe agradar para alcançá-lo, além de servir como paradigma de como a fé e o desejo humano podem entrar em conflito no fim dos tempos; O Ghoul, por outro lado, é o caos encarnado: se a balança moral de Lucy e Maximus estão sofrendo nesta jornada, Cooper já jogou a dele fora há anos. Dane-se quem morrer e quem estiver no seu caminho - para ele, tudo é uma piada, a lei do mais forte predomina e ele vai fazer de tudo para alcançar as respostas que tanto procura, mesmo que morra no processo.


Foto de Maximus, junto dos cavaleiros da Irmandade do Aço, em Fallout / Reprodução / Prime Video

Fallout consegue facilmente cativar os espectadores, explicar os principais pontos da saga dos games e nos mostrar uma narrativa que está sendo construída há mais de 200 anos (ou, no caso do mundo real, 27 anos). Ver as armaduras dos cavaleiros da Irmandade, os easter eggs nas cidades destruídas dos Ermos, as ruínas de Shady Sands e o surgimento da Nova República da Califórnia (NCR), até o Mister Handy e as demais tecnologias de empresas como a RobCo, a Big MT e a Vault-Tec, cada detalhe da série parece ter sido construído com carinho e amor pelo conteúdo original (assim como podemos ver em outras adaptações recentes, como os live-actions de Avatar e One Piece). 


Falando na Vault-Tec, eles servem como principal antagonista da narrativa, já que o resultado distópico da série é o paraíso de qualquer corporação capitalista: o controle de todos os recursos e a dizimação de todo e qualquer tipo de concorrência, não importando os meios. Esta mensagem medonha e o gancho narrativo que a série entrega para os principais personagens apenas nos deixam com uma séria e deturpada visão do mundo corporativo, além de um gostinho de “quero mais” para as próximas temporadas, que precisam adicionar muito mais coisa dos jogos para a galera que sabe tão pouco sobre os perigos dos Ermos (como eu).


Se tivesse que listar algum tipo de ponto negativo desta experiência, o primeiro que me vem à mente é que a série se beneficiaria de uma transmissão de episódios no formato semanal. Além disso, apesar de ter entendido a maioria dos acontecimentos, admito que me aprofundei um pouco no conteúdo da saga pela internet, e acho que eles poderiam detalhar melhor alguns pontos na série (como a questão das facções da Enclave e da NCR, ou até a situação política que causou a Grande Guerra), e espero que eles não cometam esse tropeço com outros pontos futuros da trama, como os Super Mutantes, os G.E.C.K.s e New Vegas.


Trailer de anúncio do game Fallout 4 / Reprodução / Bethesda Game Studios

Se bem que, como contraponto, o sucesso da série foi tão grande que muita gente está caçando pelos jogos para descobrir mais sobre a saga. Diversas fontes de notícias, como o IGN, reportaram que a venda dos jogos aumentaram significativamente desde o lançamento da série, principalmente as de Fallout 76, jogo spin-off MMORPG mais recente da franquia que bateu sua meta de jogadores simultâneos. O sucesso da série foi tão grande que a Bethesda anunciou sua segunda temporada e uma nova versão de Fallout 4 em desenvolvimento para as novas plataformas, o PlayStation 5 e o XBOX Series X e Series S!


Tudo isso mostra que a saga está em um extremo pico de relevância e que a longevidade da série está devidamente garantida! O que falta agora é esperarmos por mais novidades direto das estações da rádio das Wastelands! (Cansei de ficar escrevendo Ermos, não tinha nome melhor pra servir de tradução, não?)

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