Surgindo praticamente do nada (igual um fantasma faria), a inesperada (mas certamente aguardada) continuação da franquia Caça-Fantasmas chegou aos cinemas, continuando a jornada da equipe principal, criada há 40 anos atrás pelo falecido Ivan Reitman e revivida depois do sucesso de Caça-Fantasmas: Mais Além, dirigido e escrito pelo seu filho, Jason Reitman.
Para quem não sabe da história até aqui, o novo e quarto filme da saga, intitulado Caça-Fantasmas: Apocalipse do Gelo, trás a família de Egon Spengler (o falecido Harold Ramis), e os novos membros da equipe de volta para Nova York! A sede original é reerguida e vários dos integrantes mirins que entraram para a saga em Mais Além passam por seus “arcos de treinamento”, colocando personagens como Lucky (Celeste O´Connor) e Podcast (Logan Kim) como estagiários dos veteranos Winston Zeddemore (Ernie Hudson) e Ray Stantz (Dan Aykroyd), respectivamente, apesar deles não se desenvolverem tanto quanto no filme anterior.
Enquanto isso, a família Spengler comanda a equipe principal dos caçadores, cuja estrutura familiar começa a se reajustar com o relacionamento de Gary Grooberson (Paul Rudd) com a matriarca da família, Callie (Carrie Coon). Infelizmente, essa nova jogada de roteiro pesa no casal que atua mais como parentes responsáveis e pouco como Caça-Fantasmas, atrapalhando também no desenvolvimento dos mais jovens da família: Trevor (Finn Wolfhard) mal tem um arco narrativo relevante na jornada (novamente…), e Phoebe (McKenna Grace), que foi uma das personagens mais bem desenvolvidas e adoradas em Mais Além, é deixada de escanteio pela trama, impedindo-a de agir como Caça-Fantasma por conta de sua idade e lhe jogando em uma sidestory que tenta abordar ideias interessantes (como um relacionamento amoroso com uma fantasma, interpretada por Emily Alyn Lind), mas que apenas a rebaixam e descaracterizam sua jornada no filme anterior.
A enorme quantidade de personagens certamente não ajudou na construção da narrativa, o que se evidencia pela forma que diversos dos novatos podem muito bem não ter relevância para o decorrer da trama dos filmes seguintes, como é o caso de Nadeem (Kumali Nanjiani), do Dr. Hubert (Patton Oswalt) e do ajudante de Zeddemore, Lars (James Acaster). Mesmo assim, o essencial consegue ser mantido sem perder o restante de seu brilho: ver a ambientação do Quartel General, rever fantasmas clássicos da série e até compreender o quanto a tecnologia da equipe avançou no decorrer dos anos é gratificante, e muito disso faz com que os pilares que criaram os Caça-Fantasmas se mantenham firmes (porém não intactos).
Falando nisso, os integrantes da equipe clássica aparecem com mais relevância na trama, e mesmo que muitas pessoas estejam cansadas de vê-los e o sentimento de que "o novo não consegue se manter sem o original" persista no decorrer do filme, é inegável o quão aconchegante é (principalmente aos fãs da franquia) ver que os idosos ainda aguentam o tranco!
Stantz continua a seguir seu amor pelo paranormal, e ter alguém com quem compartilhar isso (no caso, Podcast) só nos mostra que Ray nunca deixará de ser um Caça-Fantasma, o que o incentiva a voltar à ativa para ajudar a galera. O mesmo serve para Zeddemore, que financia a equipe por debaixo dos panos e não deixa sua nova profissão corporativa o privar de seu “hobby”. Peter Venkman (Bill Murray) e a ex-secretária da equipe, Janine Melnitz (Annie Potts) também aparecem em algumas pontas do filme, e mesmo que não seja por muito tempo, é sempre engraçado ver Murray em ação e Potts receber o reconhecimento que merece.
Para muitos, isso pode ser algo chato e repetitivo, mas eu acredito que esta será uma das últimas oportunidades de ver os resquícios desta equipe original em ação - de uniforme e tudo mais - e são nestes breves momentos que podemos sentir o quão importante isto é, tanto para os personagens quanto para os atores em cena.
Por fim, o vilão do filme é uma deidade do gelo que raspa muito próximo do limiar do fantasma genérico, e é um pouco triste não ter um final tão grandioso como os anteriores, onde já tivemos uma luta contra um homem-marshmallow gigante e a Estátua da Liberdade sendo controlada por uma gosma emotiva (trazendo à tona os acontecimentos de Caça-Fantasmas 2 de volta ao universo dos filmes). Entretanto, admito que fico feliz em ver um novo vilão principal que não esteja, de qualquer forma, envolvido com as “traquinagens” e “peripécias” de Ivo Shandor e suas tentativas de trazer Gozer para nossa dimensão, outra vez!
No final deste filme, eu sinto que Apocalipse do Gelo foi para Mais Além o que Caça-Fantasmas 2 foi para o original: uma aposta segura e mais family-friendly do que veio antes, sem perder sua essência e com diversas decisões criativas que não vingaram da forma que o diretor (Gil Kenan, diretor de A Casa Monstro) e o roteirista (Jason Reitman) pensaram que iriam. Pode ser que uma continuação não chegue tão cedo, mas uma coisa é certa: mesmo com uns tropeços, a franquia está tão viva quanto antes, e merece todo o respeito por sua longevidade e o que alcançou nestes últimos 40 anos de vida!
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