SHOGUN: Estreia da megaprodução na Star Plus já pode ser considerada um épico drama histórico

Cartaz da série Xogum: A Gloriosa Saga do Japão / Reprodução / FX

AVISO: A SÉRIE "XOGUM: A GLORIOSA SAGA DO JAPÃO" É UMA PRODUÇÃO PARA MAIORES DE 18 ANOS


Ontem (dia 27 de Fevereiro) tivemos o lançamento dos primeiros dois episódios (com duração de aproximadamente uma hora cada) da megaprodução norte-americana Shogun (traduzido como “Xógum: A Gloriosa Saga do Japão”), minissérie da FX que adapta o romance de ficção histórica de mesmo nome, escrito por James Clavell em 1975 e que já foi adaptado em uma minissérie aclamada pelo público americano em 1980. O livro é uma dramatização do período Bakumatsu do Japão Feudal, inspirada em personagens verídicos e acontecimentos reais.


A história segue diversos pontos narrativos, mas tudo se engloba na jornada de

John Blackthorne (Cosmo Jarvis), um piloto inglês numa embarcação holandesa que busca desbravar o Japão, escondido das forças colonizadoras dos portugueses, para iniciar a abertura do comércio com a Inglaterra. No começo da série, vemos ele chegar naufragado no país e ser tratado como um bárbaro saqueador, tudo isso por conta da barreira linguística entre o personagem e o povo japonês.


Enquanto luta para sobreviver, John Blackthorne serve como nosso principal expectador da cultura da época, percebendo que os colonizadores resguardam a existência de demais culturas aos governantes japoneses e tentam instaurar gradativamente uma colonização cristã no país, questionando-se perante a fé e as amarras da honra que a cultura dos samurais propagava e ficando fascinado com a profundidade da evolução social em uma terra que ele julgava apenas ser um ponto estratégico na rota dos portugueses.


Foto de Cosmo Jarvis, como Jack Blackthorne, em Shogun / Reprodução / FX

Sua jornada lhe coloca de frente com os maiores líderes do país na época, tornando-se prisioneiro, e mais tarde peão e conselheiro tático do Senhor Yoshii Toranaga (Hiroyuki Sanada, que também é produtor da série), um dos 5 líderes regentes do país: o último xogum morreu pela idade avançada e seu filho ainda não possui idade para sucedê-lo, então o poder do país foi dividido até o príncipe regente estar apto a governar. Neste cenário político conturbado, os colonizadores portugueses buscam instaurar o catolicismo na população, e a sua influência é extremamente evidente na história, servindo de diversas cenas de conflito entre Blackthorne e os padres católicos, que são (na maioria das vezes) os únicos tradutores de Blackthorne e principal quebra da barreira linguística na narrativa.


Servindo como líder político principal da história, Toranaga se vê em uma encruzilhada ao perceber que os outros 4 líderes querem ele fora do poder e acabar com a linhagem do antigo xogum, algo que Toranaga tem tentado prevenir até seu último suspiro: vê-lo como conselheiro, e às vezes, guardião do príncipe regente é reconfortante e propaga tanto sua servidão para com a família do falecido Xogum quanto sua falta de vontade de tomar o poder todo para si, construindo-o como o líder que o país tanto precisa. De acordo com a progressão da história, certamente veremos ele tomando decisões mais significativas em prol de manter o status quo o mais intacto o possível, e é comovente ver a atuação de Sanada no papel de um estrategista e uma figura de liderança tão benevolente como Toranaga é.


Os dois primeiros episódios servem para nos ambientar de forma exemplar no cenário político do Japão de 1600 e posicionar com maestria as principais peças no tabuleiro para o estopim de uma guerra civil pelo poder do país oriental, mas essa história só consegue ser tão bem transmitida pois a ambientação em si é magnífica: conseguir visualizar a grandiosidade deste período da cultura japonesa em tal escopo só pode ser descrita como épico.


Foto de Hiroyuki Sanada, como Senhor Yoshii Toranaga, em Shogun / Reprodução / FX

No mesmo nível de produções como Avatar: O Último Mestre do Ar (Netflix, 2024), Vikings (Netflix, 2013 - 2020) e Game of Thrones (HBO, 2011 - 2019) em questão de qualidade técnica e de representação cultural, Shogun está excelente: os figurinos, os cenários, a trilha sonora, a forma como as personagens são interpretadas, o dedo do meio que fizeram para a galera que não curte legenda ao decidirem não traduzir as falas em japonês, tudo isso demonstra não apenas uma compreensão do livro com a conscientização do cenário político, social e televisivo do século 21, mas também um enorme respeito à cultura representada em tela, assim como outras produções no universo geek fizeram nos últimos anos, como Ghost of Tsushima (Sucker Punch, PS Studios) e Like a Dragon: Ishin! (Ryu Ga Gotoku Studios, SEGA).


Todo esse cuidado com a história, com a narrativa de cada personagem e com a profundidade necessária para construir uma ambientação de tal calibre são vários dos motivos pelos quais esta série deve ser reverenciada, mesmo que tenham nos apresentados só 2 episódios até o momento! Com um começo tão grandioso como este, mal posso esperar para os próximos episódios. A série tem direção de Justin Marks (Top Gun: Maverick) e Rachel Kondo, e além de Sanada (John Wick 4, Wolverine: Imortal, Trem-Bala, Mortal Kombat) e Jarvis (Peaky Blinders), o elenco conta com Anna Sawai (Monarch: Legado dos Monstros, Velozes e Furiosos 9), Tadanobu Asano (Mortal Kombat, trilogia Thor do MCU), Fumi Nikaido (Inuyashiki live-action, Strawberry Night Saga), Tokuma Nishioka (Kamen Rider, Ultraman) e Takehiro Hira (Monarch: Legado dos Monstros, G.I. JOE Origins: Snake Eyes, Gran Turismo)


Trailer estendido da série Shogun / Divulgação / FX/ Youtube


Os episódios restantes de XOGUM: A GLORIOSA SAGA DO JAPÃO serão lançados semanalmente, toda terça-feira, na Star Plus


Postar um comentário

0 Comentários